domingo, 10 de novembro de 2013


Conheça o jovem surfista carioca que pode ser beatificado

Luciane Marins e Padre Roger Araújo
Da Redação


guidoschaffer.com.br / surffoto
Guido Schäffer. Seu processo de beatificação será aberto oficialmente em maio de 2014
No dia em que a Igreja celebra a Solenidade de Todos os Santos, o Canção Nova em Foco conversa com Maria Nazareth, mãe de Guido Schäffer, um jovem médico, surfista e seminarista, cujo processo de beatificação será aberto oficialmente em maio do próximo ano.

“O amor dele por Deus e pelas pessoas é que me leva a pensar que ele foi uma criatura santa”, conta Nazareth. Ela lembra que, na vida de Guido, desde pequeno, sempre houve uma linha condutora: o desejo de salvar. Quando era criança quis ser salva-vidas, depois médico, e mais tarde, sacerdote. "Ele entendeu que era necessária a salvação da alma antes que a do corpo".

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O jovem, que já tem fama de santidade, levava uma vida normal. Segundo a mãe, foi uma criança que gostava de brincadeiras, esportes, de ir à praia e à escola. Ela recorda que Guido era consciente dos seus deveres. Namorou, viajou, formou-se em medicina e estava com a data do casamento praticamente marcada, quando sentiu que sua vocação era mais do que ser médico e uma pessoa dedicada aos irmãos. "O Senhor o chamava para águas mais profundas, para uma vida de dedicação maior a Cristo, e ele então terminou tudo, para seguir o sacerdócio".

Quando morreu, em maio de 2009, com 34 anos, estava no último ano do seminário. Guido foi vítima de uma contusão na nuca que gerou desmaio e afogamento enquanto surfava, na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

As pessoas próximas ao jovem testemunham que ele aproveitava as oportunidades para evangelizar, tanto no meio dos jovens como exercendo a medicina. "Aproveitava enquanto estava surfando para falar de Jesus aos colegas. Ele levou muitos para a Igreja”, conta sua mãe.

Como médico atuou em obras de caridade. “Temos relatos de curas inexplicáveis, de conversões, de moradores de rua que decidiram lutar contra os vícios”, relata sua página oficial na internet: guidoschaffer.com.br.

Sua mãe recorda que a Missa de corpo presente foi de grande consolação. Presidida por Dom Orani João Tempesta e pelos bispos auxiliares do Rio de Janeiro, reuniu mais de 1.700 pessoas. "Eu acho que a partir dessa Missa, as pessoas começaram a querer saber coisas dele e a falar, rezar, pedir graças e alcançar graças".

Para Nazareth, a vida do filho é um exemplo de que a santidade é possível nos dias de hoje. "Ele deixa essa mensagem para os jovens: amem a Deus, busquem a Deus, n'Ele está a resposta de tudo".

Sobre a dor da perda ela diz que é muito grande, e que dor e saudade a acompanharão sempre; mas, ao mesmo tempo, destaca a consolação de saber que a vida dele ajudou tantas pessoas. "Ele [Guido] está junto de nós na comunhão dos santos. Eu tenho absoluta certeza de que, um dia, estaremos juntos por toda a eternidade louvando o nosso Deus”.

Na entrevista, Nazareth conta ainda testemunhos de pessoas que mudaram de vida com a ajuda de Guido, fala sobre o apostolado dele, as circunstâncias de sua morte e explica de que maneira a educação dada por ela e por seu marido contribuíram para a trajetória de seu filho. [Ouça]http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=290219

Guido Schaffer: o surfista e “São Francisco carioca” que pode se tornar beato

01/11/2013


O mar e o surfe: paixões de Guido
Foi assim que o delegado episcopal para a Causa dos Santos da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Roberto Assis Lopes, OSB, denominou o jovem carioca que se inspirou no jovem italiano. Guido Schaffer era médico, surfista, seminarista e tinha um profundo amor pelos doentes e mais necessitados. Uma vida dedicada a Deus e ao outro, o que comprova que a santidade pode ser alcançada a partir dos atos normais do cotidiano.
O mar era uma das suas paixões. E foi nele, no dia 1º de maio de 2009, com apenas 34 anos e faltando um ano para sua ordenação sacerdotal, que morreu fazendo o que amava: o surfe. Guido foi vítima de um afogamento, enquanto surfava na praia da Barra da Tijuca, no Rio.
Após sua morte, muitos relatos começaram a surgir sobre a vida de Guido e o seu túmulo virou ponto de visitação frequente. Os testemunhos sobre a dedicação aos pobres, busca de profunda intimidade com Deus, ardor pela evangelização, entre outros fatos, começaram a despertar a atenção da Arquidiocese do Rio, que se interessou em investigar a sua trajetória.
“Ele foi um dos jovens, nos últimos tempos da Arquidiocese, que teve grande liderança. No dia de sua Páscoa definitiva, o povo se manifestou. Muitos foram ao enterro e esta é uma característica muito forte”, comenta Dom Roberto. O abade destacou ainda que, nas exéquias, o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, estendeu um estola sobre o corpo de Guido e afirmou: “Tu não foste sacerdote aqui na terra, mas serás no céu”.
Hoje, a pesquisa está bem avançada e, em 2014, após 5 anos de sua morte, o pedido para abertura do processo de beatificação será feito oficialmente ao Vaticano, de acordo com o delegado episcopal. “O Guido já tem uma associação, totalmente legal, e nós já temos uma documentação muito rica”, explica.
Mais informações e conteúdos sobre Guido podem ser encontrados no site oficial: guidoschaffer.com.br.
O surfista que contemplava Deus no mar
O mar lhe causava um verdadeiro fascínio, mas não por pura aventura. Através dele, se sentia mais perto de Deus, pois considerava poder tocar no mistério e na infinitude do céu.
“O Guido meditava muito sobre esse Deus infinito. E o mar é todo este mistério infinito de Deus. Um local contemplativo e de silêncio. Ali, era o seu local de encontro com Deus”, destaca Dom Roberto ao relatar que Guido já havia manifestado o desejo de morrer no mar pois, para quem é surfista, o mar é uma necessidade, algo que está no “DNA”.
O delegado episcopal comenta também que nas praias do Rio, em meio a outros surfistas, Guido buscava sempre evangelizar e até fundou o grupo “Surfistas de Maria”, no qual conduzia momentos de oração do Santo Terço.
O médico do corpo e da alma

Enfermaria 4 da Santa Casa onde trabalhou.
Santa Casa da Misericórdia. O nome da instituição secular expressa bem a experiência e as atitudes de Guido com os doentes e mais necessitados. No local, fez residência em clínica médica e, mesmo na época do seminário, conciliava os estudos com o trabalho voluntário no hospital.
“Ele teve uma grande participação na Santa Casa como médico e também como evangelizador. Ele movimentou muito aqui e sempre estava presente, ouvindo a todos”, ressaltou um dos professores de residência de Guido, Dr. Milton Arantes. Ele é responsável até hoje das enfermarias 4 e 20, onde o jovem médico atuou. O professor conta que Guido sabia conciliar muito bem o trabalho de médico com a evangelização e não zelava apenas pela saúde do corpo, mas sobretudo da alma.
O local de atuação de Guido foi especialmente a enfermaria 4. Entretanto, por onde passava, seja nas aulas no anfiteatro ou pelos leitos e ambulatórios, sempre deixava marcas, muitas vezes, mais evidentes do que as marcas do tempo do velho prédio do hospital.
O professor fala com emoção sobre a pessoa de Guido e como se deu a última conversa dos dois, um dia antes da sua morte: “No dia 30 de abril de 2009, ele estava em meu gabinete. Conversamos longamente sobre as minhas dúvidas de fé. Ele sempre mostrou com muita segurança a existência de Deus. Quando eu soube da morte, foi um choque muito grande”. Dr. Milton descreve que, após saber da notícia, foi a uma igreja rezar por ele. “Este foi meu primeiro retorno à Igreja, pela fé que o Guido me transmitiu”, recorda.
Festa de Todos os Santos e o testemunho de Guido
Neste dia 1º de novembro, a Igreja, em todo mundo, não celebra a santidade de apenas um cristão que já se encontra na eternidade, mas sim, de todos. Isto, para mostrar concretamente, a vocação universal de todos para a felicidade eterna.
Como aponta o Catecismo da Igreja Católica (CIC 2013), todos são chamados à santidade: “Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade”.

Dom Roberto Lopes, OSB, teve contato muito próximo a Guido e, hoje, está à frente do processo para uma possível beatificação.
No Brasil, por motivos pastorais, a festa é transferida sempre para o domingo posterior. Neste ano, será celebrada no próximo domingo, 3.
A vida de Guido Schaffer foi uma demonstração clara desta vocação e de que é possível buscar a santidade mesmo nos dias de hoje. Ele era um jovem normal, que namorou, praticou esportes, contudo viveu plenamente o ser cristão, seja na intimidade com Deus, através da oração e contato com a Sagrada Escritura e documentos da Igreja, ou no diálogo com outro, mesmo os mais pobres, como o fez inclusive atuando juntamente às irmãs Missionárias da Caridade, de Madre Tereza de Calcutá.
“Ele era um garoto livre, espontâneo, muito pé no chão. Era muito autêntico e autêntico no sentido de quem se configurou a Cristo”, assim definiu o delegado episcopal ao comentar que tinha muitos e longos diálogos com Guido e ficava impressionado com sua profundidade e conhecimento da Bíblia.
Por Gracielle Reis, com informações do Portal Canção Nova.

















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